A benéfica e óbvia invasão chinesa

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Mais do que óbvio que, em algum momento, a indústria chinesa de automóveis iria aterrisar aqui de verdade.

Será que esse movimento vai ser capaz de causar uma redução nas altas margens das montadoras brasileiras? E o governo, será sensível a essa óbvia ameaça a sua sanha arrecadatória, já que as montadoras locais vão perder espaço?

Vejam matéria da Revista Época (original aqui) mostrando o que causa a diferença entre o preço final do carro brasileiro e o carro chinês.

O popular da China

Moderno e equipado, o Chery QQ chega ao Brasil mais barato que os modelos nacionais

Marcelo Moura

   Divulgação

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O Chery QQ (acima) com motor 1.1 a gasolina, air bag e ar-condicionado (abaixo, o interior do carro) custa mais barato que o nacional mais barato

 

Freio de mão

Por que é mais caro fabricar e vender um carro no Brasil

reprodução/Revista Época

(1) Média de impostos cobrada sobre o valor do carro
Fonte: Roland Berger

Quando o mercado brasileiro se abriu às importações, nos anos 90, carros importados eram símbolo de status. Modelos como Mercedes e BMWs traziam luxo e modernidade para quem podia pagar caro por isso. Desde a segunda-feira passada, carro importado virou símbolo de como a indústria brasileira é pouco competitiva. O QQ (pronuncia-se “quê quê”), da montadora chinesa Chery, foi lançado por R$ 22.990. Ele é fabricado em Wuhu, na China. É tão longe que, depois de encomendado, leva quatro meses para chegar ao Brasil. Apesar disso, sai mais barato que o mais barato modelo nacional, o Mille Economy, que a Fiat monta em Betim, Minas Gerais, e vende por R$ 23.220.

Enquanto no Mille simples alto-falantes são opcionais, o QQ vem com ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos, air bag e freios ABS. Ele é exportado para mais de 70 países, embora não seja vendido nos mercados mais exigentes da Europa, onde o Mille chegou a ser um dos carros mais vendidos na década de 80 (hoje ele é fabricado apenas no Brasil e restrito ao Mercosul). A competitividade da economia chinesa ajuda a explicar o abismo que separa a fabricação do Mille e do QQ. “O custo de produção do carro chinês é 40% menor que o brasileiro”, afirma Stephan Keese, diretor da consultoria Roland Berger. “Aço, energia elétrica, logística… A economia chinesa é mais competitiva em todas as etapas da produção (leia no quadro ao lado).”

Além de o custo de fabricação ser mais baixo, o preço do QQ se explica pelo esforço da Chery em ganhar espaço nas ruas. “As concessionárias e a própria montadora reduziram bastante as margens de lucro”, diz Luís Curi, presidente da Chery no Brasil. “O país é estratégico para a montadora, que quer estar entre as cinco maiores do mundo dentro de dez anos.” A empresa estreou aqui em 2009. Tem 75 concessionárias, pelo menos uma por Estado, e pretende chegar a 110 lojas em dezembro. Em 2013, a empresa pretende inaugurar uma fábrica em Jacareí, São Paulo.

Fundada em 1997, a Chery é a maior montadora independente da China. Em março, vendeu 61.240 unidades pelo mundo, pouco mais que a Fiat do Brasil. Em 2003, foi processada pela General Motors por plágio – o QQ é tão parecido com o Chevrolet Spark que, segundo a GM, é possível tirar a porta de um e encaixar no outro. O jipe Tiggo também rendeu uma disputa com a Toyota, por lembrar o RAV-4. Os processos foram arquivados.

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