O inimigo do Enem é o próprio Enem

O Eu, Estudante, do Correio Braziliense, trouxe um tema importante. Até quando acertamos no Brasil, a máquina ineficiente, corrupta, mal gerenciada e enorme do, cada vez mais pesado Estado brasileiro, joga tudo às favas. Na lama. É para onde o governo conseguiu mandar o ENEM. Infelizmente.

Opinião – O inimigo do Enem é o próprio Enem

O vazamento dos dados de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) soma-se às trapalhadas que vêm comprometendo a seriedade do teste. Milhões de pessoas que se inscreveram para se submeter à seleção em 2007, 2008 e 2009 tiveram as informações pessoais disponíveis na internet por três horas. Nome, RG, CPF, nome da mãe, perfil socioeconômico, matrícula e desempenho estavam à disposição de instituições de ensino. Com o descuido, tornaram-se públicos e, portanto, passíveis de serem usados por eventuais golpistas.
Problemas tornaram-se rotina na breve vida do Enem. Quebra de sigilo da prova, divulgação de gabaritos errados, cancelamento do exame do meio do ano e retirada de alunos da lista de aprovados criaram clima de suspeição sobre a capacidade do Ministério da Educação de assumir tão importante missão. Por causa das sucessivas confusões, em 2009 a USP e a PUC voltaram atrás na decisão de usar o Enem como parte do recrutamento. Este ano, a USP e a Unicamp não vão aproveitar o resultado do exame. A causa: novembro, data da realização do concurso, foi considerado incompatível com a seleção particular das universidades.
É lamentável. O Brasil levou muito tempo para encontrar alternativa ao vestibular. Pais e educadores sabiam que o teste aplicado não era capaz de recrutar os melhores candidatos para os cursos universitários. Fatores emocionais e o formato da prova eliminam estudantes aptos a atravessar as portas das instituições de ensino superior. Apostam-se as fichas num jogo de tudo ou nada. Mais do que premiar a meritocracia, o método contempla a sorte. O acaso ocupa o lugar do saber.
O Enem, que mede a aprendizagem dos estudantes ao longo dos três anos do ensino médio, mostrou-se mais eficaz. Avalia o aprendiz em várias etapas. Como os conteúdos são cobrados segundo o currículo de cada ano, evitam-se concentrações e as consequentes possibilidades de o azar falar mais alto que o conhecimento e a inteligência emocional. Até atingir o objetivo, o aluno terá subido diferentes degraus. A dedicação e competência o terão conduzido ao topo. Lá, encontra abertas as portas do ensino superior. Comprometer tão importante conquista confirma o que vem se tornando chavão. O Enem não precisa de inimigos. Ele sozinho faz os estragos.

 

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